Ritmos
Não há grande comércio por aqui. O dia está cinzento. E nem por isso isto está feio. Vejo as pessoas aqui a passear, um pouco naquela de olhar só. E agora está aqui uma criança super feliz a correr e a mãe corre com ela, naquela cumplicidade que completa qualquer mãe. Distinguem-se vários passos, vários ritmos. E isso pode dizer tanto.
Há um comum daqueles que passeiam, é daqueles que têm um objectivo mas apetece tanto desfrutar que não há pressa. Há outro daqueles que se esforçam tão nitidamente que apetece que parem. Há o ritmo dos descomprometidos. Há o ritmo de quem queria tanto estar parado mas não está porque está outra pessoa. Há ritmo da descoberta, há o de falar ao telefone que é tão pouco ritmo. Há o ritmo dos segways, tão experimental. Há o ritmo dos que fotografam, tão semelhante ao dos que falam ao telemóvel. Há o ritmo de quem ama.
Há o ritmo paradíssimo de duas pessoas ali, super curiosas, a tentar descobrir alguma coisa, que embrenhados. Há o ritmo do entusiasmo de criança, de insegurança que não é o da descoberta, é mais imaturo. E só há mais um ritmo que é o dos que comunicam sentindo, pacientemente. Os pombos parecem querer imitar estes ritmos. Mas, coitados, depois perdem-se com o milho.
O chão parece gritar por socorro, sente-se cansado como aquela música do Islão que parece já ter vivido eternidades de enfado.
As pessoas de segway divertem-se, sorriem tão acriançadas, tão bonitas.
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