Por vezes, embrenha-se de tal forma na sua mente, que se esquece de olhar, até mesmo dos olhos.

A cor do assunto

À XANA.

Olhava com tristeza os meus arredores: olhava com vergonha lamentável. Uma forte luz desviou o meu olhar e focou-o em si. Era a mais pura luz: não ofusca os olhos humanos, mas a sua consciência. A luz era a Lua! Ai, aquele astro que se permite ser paisagem. Aquele astro que nos leva com ele para os mais distantes sonhos. Sonhos distantes porque são aqueles da nossa alma, da nossa alma e não da nossa animalidade de ter. Redondíssima, grande, cativante. Quero quase morrendo não ter necessidade de mais nada senão de a contemplar, seguindo-a na viagem pelo espaço de abstracções.
Dedico-te a ti, Xana. Dedico-te estas palavras porque sei que valorizas, porque sei que as vais sentir.
Grata, Dri.

Já é Novembro. Hoje sentiu-se um frio já esquecido, um frio que não tirou lugar ao reconfortante sol. Aquele sol que faz o camelo babar-se e a preguiça adormecer. Ai, que delícia!
No entanto, o frio provocou extensos arrepios em minha alma, desequilibrada. A quantidade exagerada de exageros naquela escola combinada com todas aquelas individualidades que não o querem ser impeliram o pensamento para a sujeira, realçada pelo frio. A sujeira da consciência da inferioridade comportamental, não de pensamento, comportamental. Esta sujeira causada pelos gritos de socorro camuflados com gritos de macacos engraçados. A sujeira da Humanidade em pleno desequilíbrio, melhor, em descomunal desequilíbrio porque nem o desequilíbrio é pleno.

EU, EGOÍSTA.

Vivo uma vida que não é a minha. Tenho uns amigos que não são os meus, ajo como não sendo eu, tenho disciplinas que não me dizem nada. Quero me convencer que sou outra pessoa.


Admiro o meu modo de pensar, mas repugno o meu modo de agir. São absolutamente contraditórios. A miséria que observo na atitude comum dói-me. Dói-me sentir aquela desmotivação desiludida e aquele desiquilíbrio constante que possuem as almas que me rodeiam e que não querem admitir que são almas. Os momentos de observação: tento encurtá-los ao máximo para não cair no negrume da consciência. E esta fuga leva-me para o meu incontrolavelmente repelente agir. O agir que se opõe descaradamente à minha maneira de pensar que às vezes se afigura tão boa. Porque não o sigo? Coragem! Falta-me coragem! Se o seguisse, as pessoas que amo tanto, iam-se.