Por vezes, embrenha-se de tal forma na sua mente, que se esquece de olhar, até mesmo dos olhos.

A cor do assunto

- Porquê que pintas as unhas?
- Porque vê-las bonitas deixa-me bem-disposta.
- ?

escuro: ?

Na infância, dizem que não há papão, por isso não há que ter medo do escuro.
O medo na infância é o pavor pelo desconhecido, é a sensação de desamparo. O medo na idade adulta é o medo de si próprio. Talvez seja como o total isolamento, o ter de se enfrentar, o ficar à mercê da sua mente. Tudo o que fica na escuridão é a sua consciência, a sua imaginação. Talvez seja por que a sua mente pode produzir coisas horríveis, resultantes dos seus sentimentos, que sinta esta repugnância, este temor.
Não há distracções: é só a sua alma. E aí é como se caíssem todos os podres em cima, aqueles que se tentam justificar com coisas de fora.
Agora ao contrário: o sentir-se à vontade no escuro não é muito comum, mas isto é por questões práticas. Mas aqueles que se sentem relativamente bem no escuro são tão bons. Conseguem se ouvir e entender, conseguem cantar até. São almas a sério. Mergulhar na sua mente, ver a sua alma, é-lhes agradável. E todos devíamos conseguir isto, como terapia. Todos nos devíamos acarinhar e educar. Todos nos podemos iluminar, aliás.
Muda de vida se tu não vives satisfeito...

E as anteriores fazem com que sejamos.

Podemos sentir.

Podemos imaginar.

Estrela, sem dúvida

Os violinos não estão ali a tocar, já tocam dentro. E é isso que é a arte.
Vem de dentro do artista, mas não vem para fora, mantém-se lá, exposta. E nos entranharmos de arte é a única forma dela ser arte. Não é coisa de massas, de popularidade ou de dinheiro. É de interior e sintonia. Sinto que a arte não é de memorizar, é de permanecer sem nos apercebermos. É de enternecer, e por isso, fica.
E, agora, a arte afigura-se-me mais útil que a política, mesmo sem ela querer.

M79, Vampire Weekend