Do coração
Do topo do monte vejo tudo. Do topo do monte o vento bate mais forte, sinto o sol de forma mais intensa. A cidade está toda ao meu alcance, chega levantar a cabeça. É tão acolhedora esta sensação de ver tudinho. Sinto que me dão o branco de bandeja , e ele ainda toca baixo.
Há certos focos de luz ofuscante, mas são só uns focos e eu tenho toda a cidade em volta, bem visível, bem real, bem fatimense. Vejo o santuário ali ao fundo. Daqui nem parece importante. Os aerogeradores! Confortam tanto: sabemos a evolução, sabemos a mudança real. Há muito verde, há pureza suave e fluída. E gosto disto. Do topo do monte vejo e sinto a minha cidade. Todos os dias da minha casa também vejo o monte no qual agora me deito. E acho-o curioso, acho pertinho mas tão distante porque nunca venho aqui ao cabeço. Eu vejo-o e ele vê-me. E agora, dele, vejo-me na cidade. E do topo do monte acaricio as casinhas e o verde. Do topo do monte a oliveira também vê tudo, mas não sabe o que é. No topo do monte há coisas incompreensíveis. Gosto mais do que vejo do topo do monte do que dele em si.
Daqui também ouço o sino, tão aliciante, a querer que eu vá com ele ao meu passado de criança. Ai, que conforto.
O topo do monte também é o coração. Vejo tudo do topo do monte, vejo tudinho.
1 comentário:
é reconfortante esta tua descrição . sinto-me no monte . apesar de nunca la ter ido . pq todos nós temos um lugar de onde conseguimos ver tudinho .
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