Descartamo-nos
A religião surgiu - espera, sempre existiu? - pela capacidade reflexiva do Homem, por termos aquele bichinho que nos pergunta o que fazemos aqui e para quê tudo isto. E buscamos respostas de forma tão veemente, tão devotada. No entanto, hoje, assim que nos entra uma ideologia, parece que nos apagam, parece que põe uma venda ao bichinho e fita-cola na sua boca porque passamos a entender um pouco do que isto é, mas por termos tantas respostas (e por mais qualquer coisa), perde-se o interesse. Mal olhamos para o que fazemos, mal olhamos para o que acreditamos, esquecemos que somos seres com vida inteligente e sensível. Esquecemos que sentimos arrepios profundos na alma. Esquecemos que sentimos o silêncio a entrar. Descartamos o que em nós sofre e salta. Cada vez nos desinteressamos mais por nós mesmos. Hoje, o que se procura é ocupação. Tanto tanto. Vejo impaciência, vontade de esquecer. E é pouco por ter respostas, é mais por não querer ouvir. As pessoas não querem entender o que se passa dentro de si. Não, reflectir não. Silêncio? Para totós.
Parece que há a consciência de que somos capazes de entender demasiado e não se aceita isso. Hoje prefere-se a ignorância. A ignorância do que existe aqui dentro, do que somos.
E a religião agora deixa de ter importância. Ela faz sentido a quem gosta de se ouvir e quer descobrir como mudar para cima. E, ai, vejo tão pequena vontade de mudar. Parece que aqui está-se de férias da vida.
1 comentário:
"Cada vez nos desinteressamos mais por nós mesmos." Afinal, há tanta coisa interessante p fazer! Horas n msn a jogar conversa fora, a "new season de uma série Norte Americana qualquer, actualizar todos os nossos "eus" (Hi5, facebook, blog, myspace...) Certo é que cada vez há menos tempo. Tempo p pensar, para estar sozinho, desconectado do resto do mundo. Já dizia o Richard Bach, que passamos a vida à procura de alguém com quem nos identificamos, que nos compreenda inteiramente, sem nos apercebermos que esse ser somos nós mesmos. Todos esses brinquedos de entretenimento não chegaram até nós à toa. Chegaram porque 1 certo poder quer nos manter ocupados, cada vez mais homogéneos e e menos críticos. E tiveram sucesso. Devido à tendência natural do Homem para a ociosidade.
Podia contar as diferencias e as semelhanças entre Groningen e Lisboa... A mania da modernidade fez-nos esquecer do quão importante são as tradições para a nossa identidade. Tenho colegas que nunca foram ao bolinho, ou nunca colheram morangos do "seu" quintal. Nunca viram fazer e nunca provaram o pão caseiro como nós. Fizeram outras coisas com certeza, que eu não fiz. Mas é isso que torna a relação entre as pessoas tão interessante. As diferenças e complementaridades. Por isso tenho 1 convite p te fazer! Vamos aprender a fazer pão c a avó?
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