Cheira mal. É muito raro cheirar-me mal. Como a minha mãe diz, o meu nariz é selectivo, o esperto. Mas às vezes trama-me. Cheira mal e não sei de onde vem. Cheira mal e isto apoquenta-me. É intrigante não saber o que cheira mal, se calhar é aqui dentro. Aqui dentro? Ai, aqui dentro. O que estará podre? O coração ou as mãos? Tenho mais medo de perder as mãos. Tolice, a minha. Este medo que cheira mal. Preferia que não fosse a única a sentir este odor. E as minhas manas e a minha mãe têm um olfacto tão apurado! E só eu sinto. Ai, que me apodreço.
Mas pelo menos apodrecendo ainda me sinto. Melhor sentir, mesmo que cheirando mal.
A insensibilidade pica-me e dói mais que o cheiro.
É Natal e hoje vivemos um belo dia de Sol. É Natal e ainda nos abraçamos e somos sinceros e queridos. Pena não evitarmos as ofensas.
Amor cá do fundo
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