Por vezes, embrenha-se de tal forma na sua mente, que se esquece de olhar, até mesmo dos olhos.

A cor do assunto

Existe maior punição que a consciência?

Eu era só observadora.

Eles eram vividos, consistentes; tinham vivido nos tempos do António de Oliveira Salazar. Falavam da sua educação, da austeridade das suas referências de infância. Falavam de reguadas que tinham levado não como quem lamentava, não como quem se regalava mas como quem agradece. É uma gratidão de quem recebeu o castigo como uma lição e, por isso, aprendeu. Uma aprendizagem forçada, seca. Acho que nem o é, é só assimilação de regras impostas. Maturidade alcançada, é a consciência que julga e aí é que se entende alguma coisa dos actos impensados, movidos a medo e resignação, do passado. Talvez daí a gratidão.

Como espectadora, não deixei de sorrir porque o seu entusiasmo era notável e sabiam discutir, eram queridos.

O tema emergiu dum caso mediático, o da menina que persistiu na luta pelo seu querido telemóvel, passando por cima de uma pessoa que a tentava ensinar.

Aquele grupo de almas vividas referiam algo como a falta de autoridade dos pais sobre os filhos. E continuavam a relembrar os seus tempos de juventude.

Eu acho autoridade uma coisa feia porque a necessidade dela deixa transparecer a nossa mediocridade. É a velha discussão sobre a anarquia e a autocracia. Há os que gostam da liberdade e há os que defendem um bom senhor omnipotente. São extremos. Gritar com a professora é um acto de rebeldia, infantilidade, desrespeito não muito pela autoridade, mais pela pessoa. Existem dois motivos possíveis, a meu ver: a personalidade própria; ou a inconsciência e falta de autonomia, de liberdade para aprender por si: fazes isto porque eu quero que seja assim (não sei porquê ou não tenho paciência para te explicar ou tu não irias perceber), o que leva à rebelião contra as "regras".

Infelizmente, a autoridade é necessária aqui porque a desordem se imporia e a instabilidade impediria uma vida decente. Isto é bem pena. Se, neste caso, não existe consciência moral suficiente para que haja paz, lá está a autoridade. E esta é uma pura chantagem psicológica que nos amedronta (não cometemos o erro por sentir receio de NÓS sermos prejudicados - egoísmo). Pois a chantagem psicológica falhou, previsivelmente. Porque, felizmente, nem todos têm medo.

Os senhores falavam de lições que tinham dado aos filhos com um grande orgulho. Os filhos tinham um comportamento que não os agradava e esses senhores, como pais, já depois dos anos-base da educação, impuseram regras, falavam: "as regras desta casa são estas e se tu ainda vives sob este tecto, tens de obedecer." Isto é um caso comum. Lamento tanto isto, é claramente o resultado de uma educação falhada (se não tinha sido até aí, esta imposição de regras estraga tudo: os filhos continuam com o seu comportamento - as suas convicções são mais fortes - ou mudam, não por consciência própria mas por dependência financeira). É triste.

Em conclusão, a autoridade são estúpidos e para estúpidos.

Recomendo este vídeo, que diz tudo. Notem bem a música:
Já não é 21, é só 20%! Que grande vitória do Governo, esta baixa de imposto!
Primeiro, não é vitória alguma, visto que as vitórias são metas alcançadas com grande efeito no bem-comum. E isto pouco beneficia a população. Beneficia a imagem do Governo e a confiança em si próprio (sim, duvido que este 1% altere a credibilidade da População no Governo). Depois, a dita vitória é do Povo Português que empobrece para que as contas públicas se estabilizem. O dever do Governo é gerir o dinheiro, sim. E se o défice baixou, parece que houve uma boa gestão. No entanto, o défice não deve ser um valor que se sobreponha ao poder de compra da População e a tudo o resto. Neste momento, o Governo responderia afirmativamente à pergunta: os números são mais importantes que as condições de vida da população?
É-me difícil apontar alternativas, mas isso não me cabe. Cabe à oposição, que também não o faz.
Não é Portugal que está mal, é o que o gere. E nós somos responsáveis por isso, também.

Aos meus amigos (Como adoro nossas almas juntas)

As almas, as almas! Oh, nós podemos ser maus, podemos gritar e ficar amuados com as nossas almas. Mas nós gostamos tanto delas. Vivemos sem elas, sem dúvida. No entanto, ai, a nossa felicidade só é real quando é partilhada, como disse o rapaz do filme "O Lado selvagem" que desde já aconselho veemente.
Aquele tédio de já ter feito tudo o que tinha planeado quando o tempo esticasse e fosse todo meu, bem grande, está a me penetrar e isso chateia-me. Chateia-me as pessoas que me acompanham sempre não estarem por perto agora quando este meu tempo só já me é suficiente. Ocupar o tempo não é o problema, porque, felizmente, há coisas bem boas para fazer. Ai, mas faltam as pessoas! O estar connosco é bom. Contudo, é algo que não pede muito tempo, é algo que nos equilibra, mas dá energias para darmos! A quem? Os nossos não estão, pá. Oh, e sinto tantas saudades da nossa bela Lisboa de Sol! O movimento de cidade, as pessoas, o Tejo, a cultura. Que tédio, que tédio aqui.
E lembro quando acontece aquela magia das almas se juntarem e criar aquela química fantástica de rir, de sorrir para, de gritar e de levar o grito até ao céu... O convívio não só convívio, o convívio com as nossas pessoas, que já dormiram, representaram, apanharam sol e chuva, discutiram o mundo connosco, que já fizeram de um-tudo, as almas juntas. Oh, nós sozinhos somos nada. Agradeço a toda a alma de quem sou e que é minha. Tratemo-nos bem, pá.

Apetece música, música, música. Tudo música. Toda música.

LUA

Lembro-me tão bem do "Pequeno Cavalo Branco", um livro que a minha mãe me deu quando eu era pequena. Havia muitas descrições da noite e da Lua a iluminar os bosques... Luz prateada! Era essa a expressão. E eu criava uma imagem mental tão bonita, tão pura, tão completa.
É essa luz prateada que agora me ilumina, quase exclusivamente. Oh, como me deleita tal carícia por sua parte. Obrigado vida, obrigado Deus.
Ontem Pessoa dizia que quando falamos "amo-te" não amamos realmente porque todos o dizem, todos temos mentes diferente. Todos temos alma, todas elas distintas e sentindo de formas não iguais. Discordo. O sentimento que vem cá de dentro é essencialmente o mesmo: é como a sede ou o prazer, acho eu. Claro que é possível dizê-lo sem sentir. Acho que é daquelas coisas que não valem a pena ser explicadas, não precisa de o ser. O amor, só por si, já preenche e não quer dúvidas nem contestações porque é muito cá de dentro e a razão dirá que não amamos se a tentarmos encontrar no amor.
Inspirar a Lua sem a desfazer: não é óptimo? É o ideal de perfeição: inspirar a vida sem a desfazer e até a lhe dar algo de nós, sem nos desfazermos. Oh! Fantástico! É essa a meta: dar recebendo, sem destruições.
Este crepúsculo em cima de mim, tão misteriosamente longe mas tão dentro de mim, não vai embora, pelo menos no meu tempo. E perceber que os antigos estavam tão certos! E perceber que tantas vidas só num planeta que anda, sem ficar tonto, em volta do Sol, são multiplicadas infinitas vezes por cada estrelinha que ilumina aqui em baixo, aqui dentro, intermitentemente.
E ainda não entendi se Deus é uma entidade. Entidade pressupõe personalidade e isso seria injusto... Bem, é melhor sentir só ele a fazer-me cócegas do que pensar.
Agradecida pela magnificência da Lua, acho que a Deus.

Olhei e saltei logo. Não era um insuflável porque divertia mais ainda e não era daquelas cores berrantes. Eram branquinhas, bem fofas e não se davam lá pés suados. Só almas. Epá, saltei, fui projectada, saltei, caí, rolei, voltei a ser projectada, morria de tantas cócegas. A minha alma. É incrível como a espontaneidade nos é tão deliciosa, mas custa tanto. Ai, às vezes parece que só passados milhões de anos de convívio com aquela pessoa conseguimos ser só nós, só mesmo o que somos cá dentro. E é tão giro espreguiçarmo-nos assim, sem medo que se veja a barriga, sem qualquer receio. Dá tanto prazer saltar e rolar nas branquinhas que nos deixam tão à vontade. A espontaneidade é muito boa.

Por outro lado, a espontaneidade também pode ser feia e rude. E aí, aquele secretismo e mistério implicados pela falta de confiança soam melhor. Aqueles olhares de quem não se conhece e aquela tentativa de impressionar, não espontaneamente, mas sempre com um pouco de nós. De certa forma, é pose, mas uma pose do que nós queremos ser, e isso também somos nós, não é? Talvez até possamos chamar a isso espontaneidade, visto que nos conforta tanto. Só que é de outro tipo.

Combinar um pouco da espontaneidade e do misticismo romântico, espontaneamente, talvez seja o ideal. A vida pode-nos ser tão amável. É ela que é branca, branquinhas, e que prefere almas.

O mundo está a mudar bastante. Sempre. A evolução é constante e a destruição faz parte dela. As notícias têm anunciado um fenómeno inédito na bolsa, que eu não consigo entender. Parece que vem aí o apocalipse. Os ursinhos polares deixaram de ter comida, pá. As pessoas têm tido cada vez menos comida, ou cada vez mais. A China produz como louca. As pessoas aproximam-se e afastam-se. A Natureza transtorna-se.
Li que amar agora ainda é mais importante. Parece que vão haver grandes metamorfoses e teremos oportunidade de ser muito, ou nada. Tenho medo de ser difícil ultrapassar todos os desastres físicos. Tenho medo de ainda sermos muito fracos. Tenho ainda mais medo de não morrer logo. Tenho medo, mas acho crucial.

Estava sentada, à mesa, e lia uma daquelas embalagens que envolvem lenços refrescantes, que publicitava o restaurante, dizendo que estava fechado às Segundas-feiras. Estava escrito em Italiano, e, para perceber a que dia encerrava, tive me recordar dos poucos conhecimentos adquiridos nas muito passadas aulas de Francês (ai, aquelas aulas em que era impossível não gargalhar lá do fundo, que nos deliciavam tant). E interroguei-me sobre o porquê da semelhança entre essas línguas e a diferença com a Portuguesa, visto que todas são latinas. Investiguei e descobri que os dias da semana do Francês, Italiano, Espanhol, são nomes pagãos: cada dia é um planeta, derivam do calendário babilónico. O Domingo é o dia do Sol, a 2ª feira é o dia da Lua, a 3ª feira é o dia de Marte, 4ª é o dia de Mercúrio, a 5ª feira é o dia de Júpiter, 6ª é o dia de Vénus e o Sábado é o dia do planeta dos grandes anéis, Saturno.
Os nossos dias da semana têm origem nos tempos em que o Cristianismo começava: a liturgia católica dizia que os dias da semana da Páscoa eram os dias santos em que não se deveria trabalhar. Começava no Shabbat (sábado) e depois vinham a primeira feria (feriado, férias), a segunda e aí por diante. A evolução fonética tornou a feria em feira. Mais tarde, um imperador quis que a Prima Feria fosse Dies Dominica (dia do senhor). E ficámos com a Segunda feira, a Terça... Para sempre, não só na semana de Páscoa.
Ou seja, todos os nossos dias são férias.

As ideias são imenso, sim. O nosso mundo tem tantas, e sabe expô-las! As ideias são, na verdade, teoria, são mentes, não têm um carácter pragmático.
A mente! Um lugar que me apraz tanto. E gosto, sempre gostei de me deleitar com os sonhos, a divagação. Gosto de estar a pensar e aquilo ser imagem que mais ninguém vê; ser uma música que só eu ouço; ser uma espécie de nuvem que apalpo, só eu; ser um perfume tão surreal e por isso inodoro para todo o exterior, até para o meu nariz, é só a alma que o sente; ser um biscoito molhado em café e bem crocante. Tenho algo em comum comigo mesma, é a minha intimidade. Gosto que tais sensações permaneçam só em mim. Gosto que tais sensações permaneçam em cada pessoa. Somos, cada um, uma individualidade e isso é muito interessante.
Agora, o problema. A teoria existe em exagero e fazemos tão pouco… Agimos quase nada. Falo em nós porque nós somos o governo e leis há tantas, tão chatas. E a acção no que é prioritário é pouco existente. É como se estivéssemos todos num estado de preguiça tal que preferimos ficar connosco ou connoscos. Será que lembretes no telemóvel nos vão ajudar a fazer sempre aquilo que dizemos que vamos fazer?
Opah, eu acho que estamos vivos e nos devíamos comportar como tal.
E isto são tudo ideias, mentes, teoria. E agora invalido tudo o que disse e que alguma vez direi porque nenhuma ideia sem acção vale o que quer que seja (note-se que a acção também pode ser interior na medida em que nos transforma cá dentro e, por isso, transforma o nosso comportamento). E esta tagarelice mental que não me impele para a acção sempre! Só impele às vezes. Deve ser porque só como o biscoito molhado em café crocante às vezes. Talvez a maioria dos meus pensamentos sejam ilusões e não sejam as sensações íntimas. Ilusórias também?