Estou aqui, sentadinha a escrever. O Sol lá fora sabe-me melhor que qualquer outra coisa. A quem trabalha na vigilância da floresta, sabe mal porque assim não há maneira de se esquivarem ao trabalho. A quem está na praia, é demais porque a areia escalda. A quem trabalha fechado na fábrica, é indiferente. A quem trabalha sem ar condicionado mas com janelas, o Sol é um chato.
Um exemplo tão banal como este ilustra muito bem que algo, sendo sempre o mesmo, nas mentes das pessoas torna-se em milhões de outras coisas. Porque não olhamos para o que existe, olhamos para o significado do que existe. Antes sequer de observar o que é, as sensações que nos chegam afastam-nos da essência do que ali está. Isto é o que nos vai empurrando para longe da realidade. Que raio de mania de atribuir significado a tudo! É que depois no cérebro as ligações feitas por pouco observar o que existe desencadeiam emoções. E, muitas vezes, a única forma de começarmos a levar a vida como vida é mudarmos essas ligações e deixarmos de transformar chuva em mal-estar, o pai em irritação, o estudo em tédio. Já que não vemos a realidade, que a sintamos positiva.
Esta questão conduz a indagar que valor tem, assim, a essência das coisas se ninguém a vê.
E assim tudo parece relativo. No entanto, acredito no valor absoluto do que existe, só ainda não o alcancei. Aos poucos, vamos evoluindo e entendendo a essência da vida. É uma longa senda na qual vamos indo, tão impacientes. Ainda nos temos de contentar com os nossos próprios significados.
Que se lixe quem tem razão, isso não existe. É tudo uma questão de ponto de vista.