Papá, papá
- Papá, papá, o que é o sonho?
- O que achas que é, filho?
- Ouvi dizer que as crianças deviam ter muitos. E que ninguém nos devia tirar os sonhos. São doces, papá?
- É isso mesmo, são doces.
- Então mas tu dizes-me sempre que só devo comer doces de vez em quando!
- Sim, é verdade, só deves comer doces de vez em quando, mas isso não te impede de teres muitos.
- Mas os doces não são para comer?
- Os sonhos são uns doces diferentes. Deves mantê-los sempre contigo, mas só comes um de tempos a tempos.
-Porquê?
- É que depois de comeres, o sonho desaparece e cada sonho é especial, não é só um doce.
- Então o sonho é um doce para o coração, pai?
- Sim. Antes de o comeres, ele está lá no coração, depois vai-se embora. Mas tem validade. Por isso, tens sempre de o comer. É um doce manhoso.
- Ó pai, então eu não quero sonhos!
- Olha aqui, já estás cheio de sonhos!
- Então vou deixá-los no meu coração. Depois vejo isso da validade. Que achas, pai?
- Seguirei o teu exemplo, filho.