Ouço o feito há uns bons anos. Agrada-me. Não me leva, não me puxa, não me pressiona. Está aqui, uma presença confortável, forte. Mas não me pressiona. Ofereceu-me colo e eu aceitei, contente como uma criança.
E embalada por esta música, apetece escrever pensando pouco: a cabeça quer cair, rebolar e desaparecer. A cabeça quer mesmo e chora por isso. E isso pesa-me e dói.
E pressionada pela cabeça, embalada pela música, quero nada, nem que a cabeça pare de chorar. Nem sorrir. Pura preguiça, ou desânimo. Ou desânimo. O colo agrada, agrada. O exterior não me tem sorrido muito. Com excepção da música que me embala. Não me tem sorrido nem eu quero. Quero nada. Não me tiraram, eu não me tirei o que quer que seja: que aconteceu? A cabeça berra, birra. Feio, é tudo tão feio. Sou tudo tão feio.
Sinto falta da liberdade de não cair. Da liberdade de querer algo.
Embala-me tão bem, tão bem que o sorriso já é de amor. A música também é Deus.
Agora chegaram coisinhas bonitas. Fortes, bem fortes! Não são agudas, são estranhas e devem vir de um buraco negro que nos quer lá.
Deus, amor: basta para descrever a cura.
Agradecida pelo colo, pah.